Esperando na janela.


Todas as noites ocorria que no ardor intenso do quarto, as emoções ficavam mais afloradas. Não conseguia apenas fazer nada, a não ser esperar na janela. Seus pais diziam que era besteira, pois se fosse para entrar de verdade na casa, seria pela porta da frente, de maneira honesta e viril, ate mesmo pela sua intensidade.
Não acreditava. Pensava que quando chegasse seria de maneira acanhada, devagarinho, apenas para ela. Seria como um segredo, pois só quem o sabe são os corações apaixonados. Seria, então, a janela do seu quarto no primeiro andar  a maneira certa de espera-lo, do alto, a observar.
Ia dormir. Triste: não. Desapontada. Perguntava-se: ainda não? Só o silencio do quarto com a penumbra da luz do poste da rua batendo na janela respondia. Dia após dia, mês após mês, mas não ano, após ano. Pois a arte do desapego predominou. Passou todas as noites, portanto, a ler livros e assistir TV, totalmente despreocupada, solta, livre e tão leve, leve.
Passará a sorrir para todo na rua, longe daquele olhar triste da espera por alguém que tarda. Fechava a cortina a noite e só olhava para a luz do poste que dessa vez estava fraca. Dormia, acordava, dormia. Certos 15 dias e 21 horas, fechava a janela quando percebeu algo, alguém, coisa e não coisa lá de baixo, a observa-la.
Ficaram ali, sem palavra, apenas na oportunidade do olhar: 15 minutos e 17 segundos. Sorriu. Fechou a janela e a cortina. Deitou e indagou: ele chegou.


Não espere por coisas certas acontecerem na sua vida. Viva. Explore o dia. Carpe diem. Se permita. Fique livre e dê a oportunidade para ele chegar: o AMOR.


                                                                               Maria Oliveira Nascimento.

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